Com que filme eu vou?

agosto 22, 2017

O homem, depois de um dia em que a cabeça dele não aguenta mais traduzir e pensar, decidiu fazer mais memes. Porque é disso que o velho gosta, é isso que o velho quer e tamo aqui pra se divertir. Copiado mais uma vez da Michelle, lá vamos nós indicar filminhos. Acho que vou me sair melhor que o Rubens Ewald Filho.

Qual foi o último filme que você assistiu?

Vale documentário? Empire of the tsars (2016), indicado pela Mia. Trata-se de um documentário da BBC, apresentado pela Lucy Worsley, uma simpática historiadora que te leva para dentro da fundação da Rússia para entender o período dos czares. A trama me prendeu demais. É um pouco o que falei neste texto sobre O túmulo de Lênin: a Rússia é personagem de um romance policial. Tem golpe de estado, pessoas envenenando outras e milhões de atentados.






Um filme que você quer muito ver?

O filme da minha vida (2017). O cinema brasileiro está passando por uma fase de se reinventar e, nos últimos anos, tenho assistido a muitos filmes bacanas, como Aquarius e Hoje eu quero voltar sozinho. Nesse filme do Selton Mello, a trilha sonora já me ganhou, porque contém Charles Aznavour e é provável que o mocinho sofra enquanto Hier encore está tocando ao fundo.



 Um filme para chorar?

Oh Deus, que pergunta difícil! Olha, eu chorei muito ao assistir Elena (2012). Aliás, é outro filme brasileiro maravilhoso e que merecia que muitas pessoas mais o assistissem. É de uma poeticidade DE ARRANCAR O CORAÇÃO FORA. Ele conta a história de Elena, irmã da diretora do filme, que se suicidou. Ela revisita o passado de uma irmã que ela não conheceu direito, mas de quem, ao mesmo tempo, a lembrança é muito viva. Há uma música instrumental na trilha sonora de Elena chamada Valsa pra lua, de Vítor Araújo, que me faz chorar cada vez que ouço. Junte isso com as imagens de Elena dançando ballet, Meu Deus do céu.



Um filme para rir?

Bola de fogo(1941). Este é um filme antigo, do gênero screwball comedy, no qual basicamente acontecem um monte de trapalhadas. O roteiro dele foi escrito por Billy Wilder, um dos meus diretores da vida, e tem como base a história de Branca de Neve. Na verdade, Billyzinho readapta o conto de fadas, mas o príncipe é o atrapalhado Professor Potts (Gary Cooper). Os sete anões são os sete professores com quem ele trabalha fazendo uma enciclopédia. Branca de Neve é Sugarpuss O'Shea (Barbara Stanwyck), uma dançarina que se refugia na casa dos professores, depois que seu namorado gângster é denunciado para a polícia e ela será a próxima a ir para o xadrez. Billy Wilder tem uma maneira muito especial de fazer comédia, e eu dei boas risadas com esse filme. A química entre a Barbara Stanwyck e o Gary Cooper é simplesmente incrível.



Um suspense?

As diabólicas (1955). É um filme muito parecido com Psicose e Um corpo que cai, pois contém uma reviravolta muito surpreendente. O filme conta a história de duas mulheres (Simone Signoret e Vera Clouzot), professoras em um colégio interno para garotos, que decidem matar o diretor, amante de uma e marido de outra. Elas jogam o corpo na piscina, tudo teria corrido conforme o esperado se o corpo não tivesse sumido da piscina quando o zelador da escola realiza uma limpeza. Ele morreu? Não morreu? Baseado no romance policial dos meus autores franceses favoritos, Boileau-Narcejac, o filme causou um rebuliço na época, pois assim como Psicose, as pessoas eram instruídas a não contar o final. Boileau-Narcejac também inspiraram Hitchcock em Um corpo que cai. Segura essa marimba, mon amour!



Um filme para ver com a família?

Grease, nos tempos da brilhantina (1978). Cresci assistindo a esse filme com minha mãe e tive a oportunidade de ir com ela em uma sessão sing a long. Foi simplesmente perfeito! Rizzo é a melhor personagem; Look at me, I'm Sandra Dee a melhor música!



Um romance?

Alguém tem que ceder (2003). Eu lembro de ter assistido a esse filme no cinema, com minha mãe, no dia dos namorados. Chorei cachoeiras, e Diane Keaton e Jack Nicholson continuam sendo um dos melhores casais do cinema para mim. Um dos aspectos mais maneiros desse filme é como a Nancy Meyers, a diretora, joga na cara a verdade sobre mulheres mais velhas: a sociedade não gosta delas, principalmente se forem bem-sucedidas. Diane é Erica, uma dramaturga que estava escrevendo uma peça que se passava em Paris, que não é exatamente bem-sucedida porque não tem um homem em sua vida. Ela não leva desaforo para casa e por isso é considerada chata. Tão chata que ela é do tipo que usa golas olímpicas no verão. Mas ela é essa mulher chata escrevendo sobre um romance em Paris, que chora ao som de Je cherche un homme, porque o homem com quem ela se permitiu viver uma história de amor, quando isso já não é mais permitido a mulheres mais velhas, não está preparado para segurar o rojão. Como a Fernanda escreveu neste artigo, o único problema é que tudo parece perfeito demais nos filmes da Nancy.

Um filme lindo?

GodSpell, a esperança (1973). Tenho um amor muito profundo por esse filme, passado pelas mulheres da minha família que assistiram a ele no cinema na época em que foi lançado. Trata-se de um musical que conta a história de Jesus Cristo, interpretado por Victor Garber. No entanto, o cenário é a Nova York dos anos 70, e os apóstolos, assim como Jesus, têm uma pegada um pouco hippie. A cena em que o elenco está dançando no terraço do finado World Trade Center é uma das minhas favoritas.

Um filme para morrer de medo?

falei brevemente sobre Fausto (1926), a versão muda de Murnau, e com certeza ele é um dos filmes que mais me meteram medo na vida. Vocês imaginem uma trilha sonora do caralho quando o Fausto faz o pacto com o demônio e o próprio vem atormentar a vida do protagonista. Em geral, filmes mudos de horror me dão um medo desgraçado, e isso é muito interessante, porque eles não tinham acesso aos mesmos recursos de hoje. No entanto, o que esses caras faziam com os cenários e a iluminação é de deixar a pessoa perturbada. Talvez fosse justamente a intenção deles.

Um filme de ação?

Red, aposentados e perigosos (2010). Observem que tudo nesta tag tem a ver com pessoas/atores/personagns mais velhos e esse filme não poderia ser diferente. Tem a Helen Mirren botando ordem na casa com um rifle na mão, com licença!

Um filme que não vale a pena?

My reputation (1946). Eu sei, talvez vocês nunca vejam esse filme, porque ele é um filme who na carreira da Barbara Stanwyck, e ainda bem. Machista, misógino e nojento. É triste demais pensar que a personagem principal carrega meu nome.


Um filme bom para o feriado?

A noiva estava de preto (1968). Meu ritual é sempre rever esse clássico de Truffaut que tanto o diretor como a estrela (Jeanne Moreau) odiaram fazer. Antes de Uma Thurman sair matando todo mundo em Kill Bill, tivemos Jeanne Moreau envenenando um, depois atirando uma flecha em outro para se vingar dos homens que mataram seu amado, no dia de seu casamento. Acho a atmosfera dele estranhamente divertida, sempre o assisto comentando os absurdos, como a falta de sangue perto dos personagens quando eles morrem. Tarantino ficaria apavorado.



Uma animação?

A fuga das galinhas (2000). Galinhas socialistas (ou quase) querendo escapar do matadouro e da repressão dos donos da granja. Sou apaixonada por esse desenho, especialmente pelos diálogos muito inteligentes. Depois de reassisti-lo, senti ainda mais vontade de parar de comer carne. É tão triste pensar que aquilo não é só uma animação, que as galinhas são assassinadas em matadouros muito piores.

Um filme que todo mundo deve ver?

Crepúsculo dos Deuses (1951). O primeiro filme antigo da minha vida e segue como meu favorito. É um filme policial misturado com romance, mas também tem uma crítica muito ácida à Hollywood. O mais louco é pensar que as coisas mostradas ali ainda acontecem. Aqui, a protagonista também é uma mulher mais velha, Norma Desmond (Gloria Swanson). Ela é uma ex-atriz do cinema mudo, esquecida em sua mansão, quando Joe (William Holden) chega e muda a vida dela. Spoiler: não é para melhor. Crepúsculo dos Deuses resume o que o Billy Wilder, o diretor, tinha de melhor para mim, ou seja, diálogos ácidos e maneiras de filmar muito fodas. A cena do começo do filme, em que um personagem está boiando em uma piscina e o corpo dele é filmado do fundo, é um negócio FODA PRA CACETE.



Um filme que você já assistiu três vezes ou mais?

Pacto de sangue (1945)  Filme noir, mais um do Billy Wilder, acho que dá para notar como gosto dele. É o seguinte, temos mulher assassina como protagonista, o que era bastante incomum nesse gênero. Eu o vi tantas vezes que sei os diálogos de cor, RISOS.

A morte lhe cai bem (1991)  Mano do céu, Meryl Streep e Goldie Hawn, o que podemos dizer sobre essa dupla do barulho? Crítica a uma sociedade que despresza mulheres mais velhas de uma maneira muito engraçada e convincente. Até hoje acho que a história da poção existe, pois não é possível que Nicette Bruno pareça tão jovem, mesmo depois de muitos anos! Siempre viva!

O clube das desquitadas (1995)  Bette Midler, Dian Keaton e Goldie Hawn. Eu acho que não preciso dizer mais nada. Mentira, preciso sim, porque esse filme peca em N aspectos, je sais, mas há muitas discussões louváveis nele. A trilha sonora é maravilhosa, com destaque para Sisters are doin'it for themselves, uma das minhas músicas favoritas do Eurythmics.

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