Pessoal

Uma mulher corajosa demais dentro do próprio medo

abril 01, 2018

Minha ansiedade chegou ao limite. O mais engraçado disso é minha ingenuidade ao acreditar que poderia controlá-la, de que ela nunca mais iria aparecer para me assombrar. Pois cá estamos, com o coração batendo tão forte que não consigo dormir direito. Esse mesmo coração lembra que minha ansiedade não pede licença para nada, estou assistindo a um filme, mas minha cabeça não está ali. Ela está no som das batidas, tum tum tum e mais tum tum tum.

Cada dia tem sido um desafio para mim. Já acordo ansiosa, coisa que nunca tinha me ocorrido. Eu luto para não sucumbir aos meus medos e fracassos fazendo coisas que amo. Nunca eu me dediquei tanto aos meus projetos, porque são eles que me fazem esquecer a vida. Fazem com que eu não preste tanta atenção às batidas do meu coração.

A ansiedade me cega. Não consigo ver nada de bom na vida, nada de bom naquilo que faço. Só existe o objeto da minha ansiedade ali. Enquanto ela não baixar, eu não vou conseguir enxergar através da cortina de fumaça provocada por ela. Nessas andanças de ansiedade, a Internet se transforma em mais um lugar inseguro e que provoca crises. Nunca odiei tanto estar na Internet, porque atualmente ela tem sido um lembrete constante de ansiedade. É ansiedade que consome, consome, consome. Ironicamente, estou aqui, porque não consigo sair. Fora da Internet, também existe ansiedade. Dentro dela também. Que diferença faz?


Pessoal

Quando uma pessoa é uma pessoa

março 16, 2018

O título deste post chama-se tautologia, um negócio de que nunca me esqueci na época em que estudava Letras. Digamos que a tautologia é uma coisa pleonástica, redundante. No caso deste título, é tão óbvio, mas a gente acaba se esquecendo disso às vezes.

Que uma pessoa é apenas uma pessoa.

Cheguei no topo da cadeia alimentar do fã: sai para almoçar com meu ídolo. Vocês já sabem de quem estou falando, então podemos continuar minha divagação. O número de noites que sonhei com isso não está no dicionário. Eu vivi, durante muito tempo, imaginando as conversas intelectuais que eu teria, sobre como eu finalmente poderia ser ouvida, já que meu ídolo e eu temos uma centena de coisas em comum, como o amor pela língua francesa e por literatura. Porém, esta jovem aqui esqueceu-se da sabedoria de Oscar Wilde, quando este diz: 

Cuidado ao tocar seus ídolos. Você pode manchar os dedos de ouro.

brechó

Reflexões sobre corpo e mente

outubro 18, 2017

Porque Edith Head foi a maior figurinista de Hollywood.



Falar sobre mente e corpo para mim é algo difícil, especialmente porque sempre fui uma mulher muito sedentária, sem muita consciência do que acontecia com o próprio corpo. Acho que essa alienação é proposital, não? Se você não reflete, é mais fácil engolir qualquer coisa que te digam.

No entanto, neste ano, eu não sei o que aconteceu, mas a verdade é que estou passando por muitas mudanças na maneira como enxergo o mundo e como me vejo nele. Tudo começou com o pilates, o saudoso pilates. No começo de 2017, eu andava com muitas dores pelo corpo, fruto das horas que passo sentada traduzindo. Como disse no último post, o filme da minha vida poderia se chamar A mulher que não sabia a hora de parar. É claro que meu corpo seria o primeiro a sentir os efeitos disso. Eu não liguei para suas mensagens até ter uma dor crônica na perna, que me incomodava a qualquer movimento que eu fazia. Uma amiga recomendou que eu fizesse pilates, pois meu corpo se fortaleceria e eu me recuperaria dessa dor tenebrosa.

Estava ansiosa pelo pilates por motivos de socialização. Já tinha feito academia no passado, uma experiência tenebrosa para dizer o mínimo. Meu medo de falar com outras pessoas era tamanho que, um dia a esteira começou a correr na velocidade cinco do créu e eu fiquei sofrendo longos minutos até conseguir pedir ajuda a alguém para desligá-la. Que lição tiramos disso? Melhor morrer do que falar com pessoas.


Nathalia Timberg

Olhar para o teu rosto é sentir a vida acontecer em mim

setembro 21, 2017

Eu posso tá completamente enganado, eu posso tá correndo pro lado errado

A última vez que a letra de Infinita Highway parecia dizer o que ninguém mais entendia foi em 2008, durante uma viagem para Gramado. Foi nessa viagem que descobri o verdadeiro significado de amizade, porque minha amiga comprou uma aventura em busca do meu ídolo sem sequer gostar dele. Também foi a viagem em que eu descobri, através dela, os Engenheiros do Hawaii. Na volta, depois de passar dois dias maravilhosos ao lado do meu ídolo na época, ouvimos todo o CD da banda. Infinita Highway resumia toda aquela jornada cansativa, o choro por quase não ter conseguido falar com aquela cantora, Silvinha, por quem eu faria tudo aos 13 anos.

Hoje, aos 26 anos, descobri que Infinita Highway continua tão atual quanto o era aos 16. O sujeito da canção mudou; a mensagem não.

Você me faz correr demais os riscos dessa highway


BEDA

Aquela da ansiedade

agosto 17, 2017

Enquanto a minha máscara de argila verde seca, o incenso queima do meu lado e a Christine McVie canta Honey Hi, percebo como pequenas coisas que me acalmam, coisas tão simples. Fazer essas três coisas estão sendo uma bênção para mim, especialmente após um dia tão corrido e com tanto trabalho. Mas nem sempre consigo detectar coisas que abaixam meu nível de ansiedade.

Acho que o aspecto mais odiável da ansiedade é que ela não tem hora para acontecer. Para uma pessoa obcecada por controle como eu, isso é um tormento. Se eu pudesse colocar na agenda, organizar uma tabela, tudo seria mais fácil. Infelizmente não funciona assim, e ainda estou aprendendo a conviver com esse monstro que habita dentro de mim.

Minha primeira de crise ansiedade foi inesquecível, talvez pelo fato de eu ter ido parar no hospital por causa dela, sem saber o que estava acontecendo. Ninguém sabia o que estava acontecendo, eu não estava em casa e minha mãe atravessou uma cidade para cuidar de mim. Quando a doutora levantou essa hipótese, eu não conseguia acreditar que a sensação real de que eu estava para morrer se chamava transtorno de ansiedade. Ela aconselhou que eu procurasse ajuda, o que demorei muito a fazer. Isso só foi acontecer quando minha ansiedade chegou a níveis alarmantes.

BEDA

Ser fangirl: uma arte que eu domino

agosto 15, 2017

Eu gostaria de não parecer ter 16 anos, mas não posso evitar. Quando se trata de ser fã de alguém,  sou, sim, uma adolescente. Não tem meio termo para mim: ou eu amo muito e mergulho fundo na vida da pessoa ou ela não me causa nenhuma sensação.

É engraçado, todas as coisas que eu amei pareceram ter um prazo de validade determinado. Poucas coisas nesta vida continuam me causando a mesma sensação de ter 16 anos quanto Nathalia Timberg. Acho que vocês já sentiram o teor, a seriedade da coisa neste post que escrevi sobre ela.



Na realidade, a parte mais séria desse negócio todo de fangirl eu deixei de contar por motivos de vergonha. Se um dia eu tiver netos, eles pedirão para a vovó contar a história do dia em que ela perseguiu a Nathalia Timberg, que estava em uma cadeira de rodas por conta de um acidente no palco.


BEDA

50 perguntas sobre mim

agosto 10, 2017


Chegou aquele momentinho do BEDA em que começo a ficar sem ideias para pautas, então decidi copiar descaradamente este meme do blog da Michelle, porque eu adoro perguntas e me sinto no sofazão da Hebe, mesmo falando sozinha. Acho que consigo responder em uma hora e postar (de novo) com as calças na mão.



Qual foi a última coisa que você escreveu em um papel?

A minha lista de coisas para fazer.

O que está sempre na sua bolsa?

Remédios para dor de cabeça e ressaca (MUITO VELHA, SIM) e um bom livro. Às vezes carrego fones de ouvido, mas é difícil.

O que você costuma pedir em um café?

Café preto e um salgado. É difícil eu pedir doce, porque tudo para mim parece exageradamente doce, não sei explicar.

Quais websites você visita diariamente?

O meu amado Valkírias do qual faço parte, o Delirium Nerd, o Cine Suffragette, alguns blogs de amigos que conheci no Twitter e o You Tube para dar aquela espiadinha no meu canal, o Cine Espresso.

BEDA

Um momento para enaltecer Nathalia Timberg

agosto 06, 2017



Ontem flopei no BEDA, mas a gente faz de conta que nunca aconteceu e continua, risos.

Minhas referências LGBTs nunca foram muitas, como é de se esperar em uma sociedade heteronormativa. Mesmo depois que saí do armário, eu me sentia muito perdida porque não conseguia me ver em nenhum personagem da televisão ou nenhuma celebridade. Isso se deve ao fato de que meus gostos são um pouco diferentes, assim como minha relação com a cultura pop. Minhas referências não são da minha geração, e não havia ninguém dentro do meu espectro de gostos que tivesse desempenhado um papel fenomenal no meu empoderamento enquanto lésbica.

Até o dia em que eu sentei para assistir ao primeiro capítulo de Babilônia com minha mãe. Eu já tinha ouvido falar em toda ~polêmica que o personagem dela iria despertar por ter um relacionamento sólido com nada mais, nada menos que Fernanda Montenegro. Confesso que não dei bola, eu estava esperando mais uma flopagem, mais uma representação torta. E aí, como já contei neste texto para meu querido Valkírias, o inesperado aconteceu: ela beijou a Fernanda Montenegro no PRIMEIRO CAPÍTULO DA NOVELA. NO QUARTO. ELAS SE BEIJARAM NA PORRA DO QUARTO.


Dallas

O impacto do relacionamento abusivo entre meu casal favorito da TV na minha vida

julho 17, 2017


Ontem terminei de escrever um dos textos mais difíceis dos últimos tempos. Eu achava que o texto sobre a existência ou não de queerbaiting em Grace and Frankie tinha acabado com meu emocional, mas estava enganada. Mas o que é escrever senão envolver-se emocionalmente, não é? Se não fosse para isso, eu continuaria deitada na cama com meu gato, já que está fazendo míseros nove graus (!) agora.

Diferentemente do texto de Grace and Frankie, que rendeu muitas discussões no divã da terapia sobre estar "apta" para comentar um assunto desses e sobre a validação alheia, o texto sobre o relacionamento abusivo entre meus personagens favoritos de Dallas, Sue Ellen e J.R, não despertou sentimentos de que talvez eu fosse uma impostora. Na verdade, o que senti foi uma tremenda tristeza por estar despedaçando a última migalha da Jessica de 2013 que simplesmente chorava vendo os vídeos com cenas deles, feitos pelos fãs da série com músicas de Adele e Lana del Rey.

Como disse no Twitter, eu precisava muito escrever esse texto, e essa vontade surgiu no meio de uma madrugada em que passei uma hora reassistindo a esses vídeos, verdadeiras obras de arte. Nele, as tentativas de estupro de J.R estavam lá, retratadas como momentos amorosos entre o casal. Ali eu tive um momento de epifania: havia chegado a hora de passar meus pensamentos sobre esse tema tão complicado para o papel. Estava na hora de eu prestar contas à pessoa que fui em 2013.

Fleetwood Mac

Criar, postar e deletar

julho 10, 2017




De 2005 pra cá eu devo ter tido mais de dez blogs. O processo é basicamente o seguinte: criar, postar e deletar. Eu não consigo aguentar ter um blog durante muito tempo, talvez porque eu já tenha perdido o tino para essa dinâmica. Só que não consigo parar de tentar me adaptar a essa dinâmica tão fascinante. E é aqui que o "O tronco que fala" se encaixa.

Por mais que eu colabore para dois sites feministas que eu ame demais, o Valkírias e o Cine Suffragette, e tenha criado uma plataforma sobre cinema clássico incrível, o Cine Espresso, sempre senti que faltava algo. Alguns textos que publiquei timidamente no Medium começaram a me mostrar que o espírito Blogspot ainda estava em mim, ou seja, o desejo de escrever relatos mais pessoais. Sinto falta de escrever sobre os causos do meu cotidiano, relendo alguns blogs de 2005, eu percebi que escrevia sobre absolutamente tudo. Nada passava despercebido aos meus olhos.


Estamos falando sobre cinema no YouTube também