capitalismo

Uma trip muito louca chamada Vale Tudo

novembro 03, 2017


Finalmente terminei a trip louca em que resolvi me meter: assistir a novela Vale Tudo de cabo a rabo. Duzentos e cinco capítulos assistidos e aquele amargor na boca. O amargor que sentimos ao dar adeus a um parente muito querido e não saber quando poderemos revê-lo. É claro, agora posso me dedicar a outras novelas que pretendo assistir, como Força de um desejo e Rainha da Sucata, mas nenhuma delas pode suprir a ausência de Odete Roitman, Celina Junqueira e Raquel Acioli.

Sempre fui a noveleira do rolê, tendo começado nessa vida aos 10 anos com Porto dos Milagres. Naquela época, eu estava interessada numa história bacana, que prendesse minha atenção e me fizesse sonhar. Não pensava em problematizar, aliás nem sabia o que era isso. Hoje, depois de ver Vale Tudo, minha cabeça só pensava que eu precisava escrever sobre esse hino de novela, mas exatamente sobre o quê? Sobre a sororidade? Sobre a cultura do jeitinho brasileiro? Já escrevi sobre esses assuntos, mas parece que a coisa não para por aí.

Vale Tudo e as novelas dos anos 80 da TV Globo têm um molho que as de hoje, por mais que se esforcem, não conseguem atingir: elas conseguem ser tremendamente fiéis à realidade. Quando digo isso, não quero dizer que Vale Tudo foi fiel porque mostrou a corrupção e todos os personagens tentando vencer na vida a qualquer custo. Ela é fiel no texto, nos cenários, nas palavras que são colocadas na boca das personagens. Isso, eu acho, é uma das coisas mais difíceis de se conseguir em uma novela. Hoje tudo parece tão artificial, a emissora acredita que a ambientação vale mais que o texto na boca dos personagens. Em Vale Tudo, você acreditava que Ivan Meirelles poderia ser seu vizinho e que Consuelo poderia ser aquela sua amiga chatíssima. Não era uma questão de ambientar a novela em determinado lugar para trazer a realidade, porque ela já vinha pelas palavras ditas pelos personagens. A novela se passava no Rio de Janeiro, mas você não se sente distanciado dali, entende? Muito pelo contrário, você se sente próximo. É uma sensação muito doida.

brechó

Reflexões sobre corpo e mente

outubro 18, 2017

Porque Edith Head foi a maior figurinista de Hollywood.



Falar sobre mente e corpo para mim é algo difícil, especialmente porque sempre fui uma mulher muito sedentária, sem muita consciência do que acontecia com o próprio corpo. Acho que essa alienação é proposital, não? Se você não reflete, é mais fácil engolir qualquer coisa que te digam.

No entanto, neste ano, eu não sei o que aconteceu, mas a verdade é que estou passando por muitas mudanças na maneira como enxergo o mundo e como me vejo nele. Tudo começou com o pilates, o saudoso pilates. No começo de 2017, eu andava com muitas dores pelo corpo, fruto das horas que passo sentada traduzindo. Como disse no último post, o filme da minha vida poderia se chamar A mulher que não sabia a hora de parar. É claro que meu corpo seria o primeiro a sentir os efeitos disso. Eu não liguei para suas mensagens até ter uma dor crônica na perna, que me incomodava a qualquer movimento que eu fazia. Uma amiga recomendou que eu fizesse pilates, pois meu corpo se fortaleceria e eu me recuperaria dessa dor tenebrosa.

Estava ansiosa pelo pilates por motivos de socialização. Já tinha feito academia no passado, uma experiência tenebrosa para dizer o mínimo. Meu medo de falar com outras pessoas era tamanho que, um dia a esteira começou a correr na velocidade cinco do créu e eu fiquei sofrendo longos minutos até conseguir pedir ajuda a alguém para desligá-la. Que lição tiramos disso? Melhor morrer do que falar com pessoas.


cinema

A vida descarrilhou e mais um monte de bobagens

outubro 15, 2017



A vida descarrilhou. Eu gosto desse verbo, porque ele descreve muito bem o que houve comigo. O trem perdeu o controle desde meu último encontro com Nathalia Timberg e, desde então, eu tento recuperar um suposto controle da minha vida. Quando falo em controle, não estou falando exatamente sobre minhas emoções, essas têm andado até que na linha, digamos assim. Estou falando do controle sobre meu trabalho, minha produtividade, minhas horas em frente ao computador.

Trabalho em casa e sou tradutora. Se minha vida profissional tivesse um título, seria A mulher que não sabia a hora de parar. Antes mesmo de encontrar Nathalia, eu já tinha trabalhado muito, virando noites e perdendo finais de semana, para poder folgar sem me sentir culpada. Depois do encontro, eu não descansei e cá estou descarrilhada, me metendo em furadas porque não sei dizer não da maneira devida, porque o pânico de ser autônoma sempre me persegue. 


Nathalia Timberg

Olhar para o teu rosto é sentir a vida acontecer em mim

setembro 21, 2017

Eu posso tá completamente enganado, eu posso tá correndo pro lado errado

A última vez que a letra de Infinita Highway parecia dizer o que ninguém mais entendia foi em 2008, durante uma viagem para Gramado. Foi nessa viagem que descobri o verdadeiro significado de amizade, porque minha amiga comprou uma aventura em busca do meu ídolo sem sequer gostar dele. Também foi a viagem em que eu descobri, através dela, os Engenheiros do Hawaii. Na volta, depois de passar dois dias maravilhosos ao lado do meu ídolo na época, ouvimos todo o CD da banda. Infinita Highway resumia toda aquela jornada cansativa, o choro por quase não ter conseguido falar com aquela cantora, Silvinha, por quem eu faria tudo aos 13 anos.

Hoje, aos 26 anos, descobri que Infinita Highway continua tão atual quanto o era aos 16. O sujeito da canção mudou; a mensagem não.

Você me faz correr demais os riscos dessa highway


BEDA

Balanço do BEDA

agosto 31, 2017

Parece que escolhi os livros mais pesados da vida para ler em 2017, tudo de uma vez só. Depois de encerrar O retrato de Dorian Gray mais desgraçada da cabeça impossível por causa dessa coisa chamada envelhecer e morrer, fui procurar mais sarna para me coçar, dessa vez lendo A insustentável leveza do ser.

Pois, veja bem, já podemos colocá-lo como o terceiro livro que me fez chorar nesta vida. Os outros foram O amante, de Marguerite Duras, e A casa dos espíritos, de Isabel Allende. Quando um livro consegue me arrancar lágrimas, sei que valeu a pena, porque eu guardo todas as minhas lágrimas para chorar em filme.

A insustentável leveza do ser foi o segundo livro indicado pela Mia, e parece que ela conhece meu gosto, mesmo não me conhecendo pessoalmente. Que livro, meus amigos. Particularmente, não acreditei que fosse gostar tanto dele, pois me considero um pouco limitada quanto à profundidade de determinadas obras. Em outras palavras: burrona demais para entender. No entanto, não só consegui apreender as referências de Milan Kundera à música ou à filosofia nesse livro como elas fizeram tanto sentido para mim que soava como se eu estivesse conversando com minha terapeuta.

Alain Bashung

Cinco canções que merecem ser ouvidas de fones de ouvido

agosto 25, 2017

Há músicas e músicas. Há músicas para chorar, para correr e transar. Porém, a categoria mais especial para mim é o seleto grupo de canções que exigem fones de ouvido. Aquelas em que você precisa colocar o fone de ouvido para se teletransportar para outra dimensão, tocar a guitarra imaginária e ter um momento infinito. Tratam-se daquelas músicas que você precisa ouvir os instrumentos, as backing vocals, tudo isso ali, coladinho no seu ouvido.

Como alguém que não pode se dar ao luxo de viver sempre de fones de ouvido por causa da surdez, essa categoria adquire um novo significado para mim. Quando eu estou disposta a me arriscar e colocar os fones, é porque a música vale a pena. Não pode ser qualquer coisa. Preciso sentir o coração pulsar mais rápido ao escutar a canção de fones. A experiência é única, justamente porque ela vai demorar para se repetir. Talvez chegue um momento em que eu não possa mais repeti-la, inevitabilidades da vida.

BEDA

Com que filme eu vou?

agosto 22, 2017

O homem, depois de um dia em que a cabeça dele não aguenta mais traduzir e pensar, decidiu fazer mais memes. Porque é disso que o velho gosta, é isso que o velho quer e tamo aqui pra se divertir. Copiado mais uma vez da Michelle, lá vamos nós indicar filminhos. Acho que vou me sair melhor que o Rubens Ewald Filho.

Qual foi o último filme que você assistiu?

Vale documentário? Empire of the tsars (2016), indicado pela Mia. Trata-se de um documentário da BBC, apresentado pela Lucy Worsley, uma simpática historiadora que te leva para dentro da fundação da Rússia para entender o período dos czares. A trama me prendeu demais. É um pouco o que falei neste texto sobre O túmulo de Lênin: a Rússia é personagem de um romance policial. Tem golpe de estado, pessoas envenenando outras e milhões de atentados.




BEDA

Aquela da ansiedade

agosto 17, 2017

Enquanto a minha máscara de argila verde seca, o incenso queima do meu lado e a Christine McVie canta Honey Hi, percebo como pequenas coisas que me acalmam, coisas tão simples. Fazer essas três coisas estão sendo uma bênção para mim, especialmente após um dia tão corrido e com tanto trabalho. Mas nem sempre consigo detectar coisas que abaixam meu nível de ansiedade.

Acho que o aspecto mais odiável da ansiedade é que ela não tem hora para acontecer. Para uma pessoa obcecada por controle como eu, isso é um tormento. Se eu pudesse colocar na agenda, organizar uma tabela, tudo seria mais fácil. Infelizmente não funciona assim, e ainda estou aprendendo a conviver com esse monstro que habita dentro de mim.

Minha primeira de crise ansiedade foi inesquecível, talvez pelo fato de eu ter ido parar no hospital por causa dela, sem saber o que estava acontecendo. Ninguém sabia o que estava acontecendo, eu não estava em casa e minha mãe atravessou uma cidade para cuidar de mim. Quando a doutora levantou essa hipótese, eu não conseguia acreditar que a sensação real de que eu estava para morrer se chamava transtorno de ansiedade. Ela aconselhou que eu procurasse ajuda, o que demorei muito a fazer. Isso só foi acontecer quando minha ansiedade chegou a níveis alarmantes.

BEDA

Primeiras impressões sobre O Retrato de Dorian Gray

agosto 16, 2017

Por indicação da Mia, comecei a ler O retrato de Dorian Gray, depois de ter me afastado durante muito tempo dos ditos clássicos. Acho que meus motivos têm a ver com o fato de que a faculdade fez com que eu odiasse esse tal de cânone, que me obrigava a gostar de obras cuja dimensão eu ainda não podia entender, ou seja, não tinha como ter qualquer opinião. No entanto, a propaganda boa da Mia fez com que eu repensasse essa ideia de que estava fadada a detestar clássicos. O resultado é: eu estou adorando demais esse livro, não consigo parar de ler.

A cada página, sinto que esse livro precisava de uma certa maturidade da minha parte para que eu pudesse apreciá-lo. Essa não é apenas a história de um homem cujo retrato envelhecia e ele não. Na verdade, o negócio é sobre beleza, sobre envelhecer, as coisas efêmeras da vida, sabe? Eu não sou especialista em literatura, mas minha impressão é de que Oscar Wilde está jogando na tua cara o quanto, já naquela época, as pessoas eram preocupadas com a beleza do mundo e não em envelhecer. Não envelhecer valia a arrogância de Dorian, valia sua postura de "joga fora no lixo" a cada vez que uma coisa perdia a graça, porque a vida é uma eterna reinvenção de coisas bonitas.

BEDA

Ser fangirl: uma arte que eu domino

agosto 15, 2017

Eu gostaria de não parecer ter 16 anos, mas não posso evitar. Quando se trata de ser fã de alguém,  sou, sim, uma adolescente. Não tem meio termo para mim: ou eu amo muito e mergulho fundo na vida da pessoa ou ela não me causa nenhuma sensação.

É engraçado, todas as coisas que eu amei pareceram ter um prazo de validade determinado. Poucas coisas nesta vida continuam me causando a mesma sensação de ter 16 anos quanto Nathalia Timberg. Acho que vocês já sentiram o teor, a seriedade da coisa neste post que escrevi sobre ela.



Na realidade, a parte mais séria desse negócio todo de fangirl eu deixei de contar por motivos de vergonha. Se um dia eu tiver netos, eles pedirão para a vovó contar a história do dia em que ela perseguiu a Nathalia Timberg, que estava em uma cadeira de rodas por conta de um acidente no palco.


BEDA 2017

Quem decretou que só poderíamos apreciar Piaf e Brassens?

agosto 14, 2017

Eu tenho gostos peculiares, você não entenderia.

Nunca achei que uma frase tão peculiar de Christian Gray poderia me descrever tão bem. No entanto, ao invés de um quarto cheio de brinquedos sexuais, eu tenho meus CDs e minhas playlists para comprovar o que digo. Quando éramos adolescentes, ser hipster era algo que todos buscávamos, ainda que secretamente. Nós ouvíamos bandas de garagem, bandas que ainda não eram famosas. Se ficavam famosas, nós desprezávamos. Era um campeonato para ver quem aparecia com a novidade mais rápido.

Durante minha adolescência, coisas estranhas aconteceram. Eu tinha o Soulseek, um programa de download de músicas e foi lá que eu formei meu caráter musical. Também tive um amigo, um cara mais velho, que me mostrou boa parte do que conheço atualmente sobre música brasileira. Ele me indicava os álbuns, eu os ouvia e nós discutíamos sobre eles. A melhor parte era criar teorias sobre as músicas, o que teria motivado os cantores a escreverem de tal maneira. No entanto, um pedaço meu cresceu ouvindo Farofa fa fa em uma fita cassete velha da minha mãe, e eu não podia negar essa parte do meu caráter. Por isso, minha adolescência foi uma mistura de bizarrices, de Discoteca do Chacrinha à Valsa do Danúbio Azul, passando por Fuscão preto. Meu Deus, não é revigorante poder gritar FUSCÃO PRETOOOO, VOCÊ É FEITO DE AÇO, FEZ MEU CORAÇÃO EM PEDAÇOS?  Eu não tinha como ser uma pessoa coerente na vida com um gosto incoerente desses.

BEDA

50 perguntas sobre mim

agosto 10, 2017


Chegou aquele momentinho do BEDA em que começo a ficar sem ideias para pautas, então decidi copiar descaradamente este meme do blog da Michelle, porque eu adoro perguntas e me sinto no sofazão da Hebe, mesmo falando sozinha. Acho que consigo responder em uma hora e postar (de novo) com as calças na mão.



Qual foi a última coisa que você escreveu em um papel?

A minha lista de coisas para fazer.

O que está sempre na sua bolsa?

Remédios para dor de cabeça e ressaca (MUITO VELHA, SIM) e um bom livro. Às vezes carrego fones de ouvido, mas é difícil.

O que você costuma pedir em um café?

Café preto e um salgado. É difícil eu pedir doce, porque tudo para mim parece exageradamente doce, não sei explicar.

Quais websites você visita diariamente?

O meu amado Valkírias do qual faço parte, o Delirium Nerd, o Cine Suffragette, alguns blogs de amigos que conheci no Twitter e o You Tube para dar aquela espiadinha no meu canal, o Cine Espresso.

A mulher calada

Leituras: A mulher calada

agosto 09, 2017



Sou a pior pessoa para falar sobre librinhos que vocês provavelmente conhecerão, mas como minha vida não é o suficientemente interessante para dar um post do BEDA, a gente vai falar sobre literatura mesmo.

Depois de passar muito nervoso com O conto da aia, um livro sobre o qual não me sinto nem apta para falar a respeito, decidi ler o último dos títulos que comprei na abençoada feirinha da USP: A mulher calada, de Janet Malcolm. Por que não resolvi ler esse livro antes? Não sei. Tinha tudo para ser o primeiro da minha lista, pois o vendedor da Companhia das Letras fez uma propaganda fabulosa sobre ele. No entanto, acredito na teoria de que cada leitura tem uma hora para acontecer e não era hora de eu ler A mulher calada.

A mulher calada do título é Sylvia Plath, poetisa que Janet utiliza para discutir a questão dos limites da biografia. Ao se suicidar de forma trágica, enfiando a cabeça dentro de um forno e ligando o gás, Sylvia selou um mito. Sua poesia e sua prosa, simbolizada por A redoma de vidro, tomaram outras proporções. É como se eles funcionassem como um aviso ao que aconteceria mais tarde, em 1963, na noite de inverno em que Plath decidiu terminar com sua vida. As pessoas passaram a olhar com curiosidade para ela, querendo saber o que havia, talvez, motivado essa atitude. 

Alain Resnais

Cinema francês é tudo igual?

agosto 07, 2017




O ano é 2017 e há quem comente no canal do Cine Espresso que odeia cinema francês:

Cinema francês é tedioso

Nossa, mas a gente não entende nada do que eles fazem

O filme acabou e eu não entendi o final

Que história sem pé nem cabeça

KKK, cinema francês, eu hein

O pior é que não posso desmentir o que essas pessoas dizem, porque boa parte disso é verdade. Os filmes franceses são ~tediosos porque simplesmente não seguem a lógica de um filme de Hollywood. A sensação de que a trama é arrastada é porque os meios narrativos do cinema europeu são completamente diferentes do que estamos acostumados. Você precisa estar na vibe para assistir a um filme francês. Não dá para colocar um François Truffaut para rodar e não esperar uma torrente de choro. No entanto, isso não quer dizer que todos os filmes franceses sigam essa cartilha de sem pé e nem cabeça e tédio. Há espaço para tudo no cinema francês, inclusive para filmes mais engraçadinhos, com o Sazon francês, é claro.

BEDA

Um momento para enaltecer Nathalia Timberg

agosto 06, 2017



Ontem flopei no BEDA, mas a gente faz de conta que nunca aconteceu e continua, risos.

Minhas referências LGBTs nunca foram muitas, como é de se esperar em uma sociedade heteronormativa. Mesmo depois que saí do armário, eu me sentia muito perdida porque não conseguia me ver em nenhum personagem da televisão ou nenhuma celebridade. Isso se deve ao fato de que meus gostos são um pouco diferentes, assim como minha relação com a cultura pop. Minhas referências não são da minha geração, e não havia ninguém dentro do meu espectro de gostos que tivesse desempenhado um papel fenomenal no meu empoderamento enquanto lésbica.

Até o dia em que eu sentei para assistir ao primeiro capítulo de Babilônia com minha mãe. Eu já tinha ouvido falar em toda ~polêmica que o personagem dela iria despertar por ter um relacionamento sólido com nada mais, nada menos que Fernanda Montenegro. Confesso que não dei bola, eu estava esperando mais uma flopagem, mais uma representação torta. E aí, como já contei neste texto para meu querido Valkírias, o inesperado aconteceu: ela beijou a Fernanda Montenegro no PRIMEIRO CAPÍTULO DA NOVELA. NO QUARTO. ELAS SE BEIJARAM NA PORRA DO QUARTO.


BEDA

Leituras: O túmulo de Lênin

agosto 03, 2017

Um das coisas mais bonitas que levei do curso de Letras foi a sementinha que minha professora de literatura russa, Denise, plantou no meu coração.

Estávamos em 2014, o ano da formatura. Eu tentava juntar dinheiro desesperadamente com o famigerado Café dos Formandos. Ao mesmo tempo, cursava as últimas disciplinas (descobri que só nós falamos cadeiras por aqui), talvez no piloto automático, porque queria muito fechar aquele capítulo. Uma delas, Literatura russa em tradução, eu escolhera pelo fato de ser do grupo de disciplinas alternativas obrigatórias do curso. Não imaginava que pudesse ser bom, uma vez que todas as minhas experiências com literatura na universidade me fizeram odiar tudo o que meus professores me apresentavam.

E a surpresa é que foi tão bom que a sementinha da literatura russa foi plantada em mim e desde então deu muitos frutos. O último deles foi o término de O túmulo de Lênin, um calhamaço de mais de 700 páginas sobre a queda da União Soviética. E se não fosse pela Denise, jamais teria ido atrás desse livro, muito menos de todos os outros autores russos que li até hoje.

BEDA

O primeiro BEDA a gente nunca esquece

agosto 02, 2017



Ao contrário de muitas pessoas, não sabia o que era BEDA. Eu passei um ano inteiro assistindo aos vídeos da Tatiana Feltrin sobre esse tal de BEDA, sem sequer criar vergonha na cara para procurar o que era.

Pois bem, finalmente descobri e sai da época das carroças! O BEDA vem de Blog Every Day in August. A ideia é postar um texto por dia neste mês, conhecido por passar tão devagar. Decidi aderir à iniciativa porque não me aguento, eu também quero experimentar mais uma vez o mundo da blogosfera do qual sequer me sinto parte.

Já dá pra gente considerar este como o primeiro texto do BEDA?


cinema

Jeanne Moreau: muito mais que a musa da Nouvelle Vague

agosto 01, 2017



Eu estava descobrindo o cinema francês das antigas, a etapa seguinte à minha descoberta do cinema clássico, quando a encontrei. Ela era diferente de tudo o que já tinha visto até aquele momento. Uma beleza nada comum, uma voz rouca por causa do cigarro. Um cigarro na boca, um sorriso irônico. Ela, Jeanne Moreau.

Não há melhor momento do que aquele em que você mergulha fundo na existência de uma pessoa. Foi o que fiz com Jeanne. Eu comecei a assistir um filme atrás do outro. Não tinha tempo para absorvê-los direito, porque queria mais. Mais, mais, mais. Apesar de não refletir muito sobre o que eu estava assistindo, tinha certeza de que estava diante de uma atriz fabulosa, ousada para não dizer o mínimo. Ela aparecia tendo um orgasmo ao som de Brahms e para uma garota como eu, acostumada ao recato dos filmes clássicos norte-americanos, aquilo foi o céu.


capitalismo

Fome de poder e esse tal de craptalism

julho 21, 2017


Depois que cursei uma disciplina em que meu professor trabalhou O capital, a obra máxima dos comunistas comedores de criancinhas, durante um semestre inteiro, a minha vida mudou radicalmente.

Não que de repente eu começasse a entender tudo de Marx, até porque a leitura dos escritos dele exige muitos neurônios, mas passei a enxergar esse mundão onde vivemos de uma forma diferente. Eu não saia gritando OLHA A MAIS VALIA ALI, MEU DEUS pelas ruas, mas as coisas que nós discutimos em aula, as poucas coisas que realmente consegui entender, como o fetiche da mercadoria, passaram a ficar muito mais evidentes para mim.

Sempre digo que Marx me escolheu, não eu a ele. Isso porque cursei essa disciplina totalmente por acaso, porque eu tinha lido a súmula dela errado. Em sã consciência eu jamais pensaria em escolher uma disciplina que abordasse essa obra tão importante e alvo de tanta discussão ainda hoje. Quando me dei conta do erro, decidi que cursaria mesmo assim. Vamos ver o que vai acontecer, não é mesmo?


Dallas

O impacto do relacionamento abusivo entre meu casal favorito da TV na minha vida

julho 17, 2017


Ontem terminei de escrever um dos textos mais difíceis dos últimos tempos. Eu achava que o texto sobre a existência ou não de queerbaiting em Grace and Frankie tinha acabado com meu emocional, mas estava enganada. Mas o que é escrever senão envolver-se emocionalmente, não é? Se não fosse para isso, eu continuaria deitada na cama com meu gato, já que está fazendo míseros nove graus (!) agora.

Diferentemente do texto de Grace and Frankie, que rendeu muitas discussões no divã da terapia sobre estar "apta" para comentar um assunto desses e sobre a validação alheia, o texto sobre o relacionamento abusivo entre meus personagens favoritos de Dallas, Sue Ellen e J.R, não despertou sentimentos de que talvez eu fosse uma impostora. Na verdade, o que senti foi uma tremenda tristeza por estar despedaçando a última migalha da Jessica de 2013 que simplesmente chorava vendo os vídeos com cenas deles, feitos pelos fãs da série com músicas de Adele e Lana del Rey.

Como disse no Twitter, eu precisava muito escrever esse texto, e essa vontade surgiu no meio de uma madrugada em que passei uma hora reassistindo a esses vídeos, verdadeiras obras de arte. Nele, as tentativas de estupro de J.R estavam lá, retratadas como momentos amorosos entre o casal. Ali eu tive um momento de epifania: havia chegado a hora de passar meus pensamentos sobre esse tema tão complicado para o papel. Estava na hora de eu prestar contas à pessoa que fui em 2013.

canção francesa

Nós mudamos, mas nossos ídolos não: o caso Mireille Mathieu

julho 10, 2017




Não é simplesmente triste demais quando uma pessoa de quem a gente gosta muito de repente se torna tudo aquilo que você abomina? Dor maior que essa só se a pessoa em questão sempre tiver sido sido, e você só percebeu quase dez anos depois? Pois é, história da minha vida. 

Ou melhor história da minha vida e a da Mireille Mathieu.

Apresentação

Hello, stranger.

julho 10, 2017





Quem escreve é aquela pessoa que já teve trocentos blogs, passou pela época do Orkut e agora encontra-se na era do Medium.

Brincadeira.

Me chamo Jessica, mas sou mais conhecida como Jazz ou Jess. Até hoje minha terapeuta espera uma resposta sobre uma definição minha sobre eu mesma, então vocês imaginam a dificuldade que tenho em me apresentar.

Sou tradutora há mais de 2 anos, uma profissão da qual tenho muito orgulho. O que eu já traduzi? De escritos de Stalín a manuais de computadores. A tradução é um oito ou oitenta, e todo dia nos surpreende. Além disso, também gosto de escrever pelas Internets da vida e colaboro para dois sites maravilhosos: o Valkírias e o Cine Suffragette. Também tenho muito orgulho de ter criado o Cine Espresso, que atualmente funciona no You Tube como um canal sobre cinema clássico. 

Então vamos conversar? Sobre novela, Revolução Russa, queda da União Soviética (minha mais recente obsessão) e tudo o que der na telha.

Fleetwood Mac

Criar, postar e deletar

julho 10, 2017




De 2005 pra cá eu devo ter tido mais de dez blogs. O processo é basicamente o seguinte: criar, postar e deletar. Eu não consigo aguentar ter um blog durante muito tempo, talvez porque eu já tenha perdido o tino para essa dinâmica. Só que não consigo parar de tentar me adaptar a essa dinâmica tão fascinante. E é aqui que o "O tronco que fala" se encaixa.

Por mais que eu colabore para dois sites feministas que eu ame demais, o Valkírias e o Cine Suffragette, e tenha criado uma plataforma sobre cinema clássico incrível, o Cine Espresso, sempre senti que faltava algo. Alguns textos que publiquei timidamente no Medium começaram a me mostrar que o espírito Blogspot ainda estava em mim, ou seja, o desejo de escrever relatos mais pessoais. Sinto falta de escrever sobre os causos do meu cotidiano, relendo alguns blogs de 2005, eu percebi que escrevia sobre absolutamente tudo. Nada passava despercebido aos meus olhos.


Estamos falando sobre cinema no YouTube também